“O voto e as saias”: as repercussões do projeto Lacerda sobre o alistamento feminino (1917)
Resumo
A presença feminina nos espaços políticos ainda é rara nos dias atuais. A baixa participação de mulheres nesses espaços figura como uma das preocupações atuais de muitos pesquisadores e tem sido alvo de medidas governamentais que procuram estimular o acesso feminino às vias tradicionais de poder com a estipulação de cotas para as mulheres nos partidos políticos. Apesar dessa constatação, o voto feminino no Brasil demandou muita luta e mais de 40 anos, desde a implantação da República, para ser reconhecido. Nesse sentido este artigo procura dar visibilidade a uma das primeiras tentativas de se reconhecer esse direito para as brasileiras, o projeto do deputado Maurício de Lacerda apresentado no ano de 1917 e a participação de Leolinda Daltro e de sua associação, o Partido Republicano Feminino, nessa tentativa. Para tanto se procura dar ênfase para o que foi discutido no Parlamento e às repercussões a essa proposta encontradas na imprensa. Quer-se salientar os principais argumentos apresentados para se reconhecer esse direito para as brasileiras bem como para negá-los. Procura-se também apresentar o que motivou Lacerda a elaborar tal proposta em uma época na qual as mulheres não tinham nem voz nem vez no mundo público e político. O método empregado para analisar o corpus documental da pesquisa é a Análise de Conteúdo, tal como apresentado por Laurence Bardin.
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